Ela se colocou na frente do filho e pediu que o suspeito não atirasse.
(Foto: Reprodução/Facebook) |
“Pelo amor de Deus, não tire a vida de meu filho”. Foi com essas palavras, ditas diretamente para seu algoz, que a pastora Norma Lúcia Pereira Daltro, 52 anos, foi morta na noite de terça-feira (1º), em sua casa, no bairro Pampalona, em Feira de Santana, no Centro-Norte do estado. Norma se colocou na frente do filho para evitar que o suspeito atirasse. Achou que ele desistiria, mas não adiantou.
O suspeito era um vizinho que tinha uma briga antiga com um dos filhos de Norma, de acordo com amigos da família.
“Ela passeou durante o dia no rio
aqui e foi para casa normalmente. Todo mundo brincou, conversou e estava
normal. Mas havia essa richa e, no momento que a pessoa foi tirar a vida do
filho dela, sabe como é mãe, né? Ela pediu que não fizesse aquilo e, nesse
momento, ele deu os disparos”, contou a bispa Luciene
Martins.
O
crime aconteceu por volta das 18h, na Rua São Joaquim, onde todos moravam.
Segundo a assessoria da Polícia Militar, a pastora foi atingida na cabeça. Ela
chegou a ser socorrida e levada à Políclinica do George Américo, mas não
resistiu aos ferimentos. Outras duas mulheres foram atingidas na perna e no
braço e um homem foi vítima de golpes de faca – até o início da tarde desta
quarta-feira (2), os três seguiam internados no Hospital Geral Clériston
Andrade.
A
PM informou que os problemas de desentendimentos entre os vizinhos já eram
antigos. Ao CORREIO, a bispa Luciene confirmou que a briga existia há “alguns
meses”. Norma chegou a desabafar sobre a situação.
“Ela dizia: ‘ô, bispa, eu estou muito preocupada com esse rapaz’ (o suspeito). Eu dizia para ela mudar de bairro, esquecer o povo lá. Se eles queriam o bairro para eles, deixava para eles”, contou Luciene.
Ela não soube dizer, porém, qual era o motivo da briga com o vizinho, nem qual dos filhos era que tinha um problema. Norma tinha pelo menos 12 filhos, segundo a amiga. A maioria morava com ela e o esposo, que também é pastor, na casa onde foi morta.
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Norma fundou a igreja Arca da Promessa, em Feira (Foto: Reprodução/Facebook) |
As outras três vítimas eram amigas de Norma e frequentavam a Igreja Pentencostal Arca da Promessa, da qual ela era pastora. Depois de passarem o dia juntos, tinham acompanhado Norma no retorno para casa, quando a confusão aconteceu. A família, segundo Luciene, ainda está sem condições de falar sobre o assunto.
“Além de fazer isso com ela, ele saiu esfaqueando as pessoas propositalmente. A turma dele começou a briga na casa dela, jogando cadeira. Tinha pessoa ferida com cadeira, com facada”, explicou.
O filho de Norma que seria o alvo inicial, contudo, não ficou ferido. “Aquela mulher não era envolvida com a vida de ninguém. Era conselheira, amiga, verdadeira, coração puro, aberto. E eu comentei: o que ela faz qualquer mãe faria no lugar dela. Ela estava ali junto com o filho e achou que ele (o suspeito) ia respeitar”.
Motos danificadas
Norma fundou a Igreja Pentencostal Arca da Promessa, que fica no bairro da Pampalona, há oito anos. Ela era considerada a presidente da instituição. No Facebook, amigos de Norma escreveram sobre a pastora. "Minha pastora, uma mãe, uma amiga, uma intercessora. Que Deus conforte a familia e a nós, seus filhos espirituais", postou uma pessoa.
"Era uma verdadeira intercessora. Sorríamos, conversávamos, falávamos de coisas boas, principalmente, da obra de Deus. O Céu viu o quanto ela era Especial e Pai Celestial o Chamou pra fazer morada", escreveu um homem.
O corpo de Norma será velado nesta quarta, na igreja, e deve ser sepultado nesta quinta-feira (3), mas ainda não há informações sobre o local do enterro.
Ao CORREIO, a PM informou que dois homens suspeitos de terem cometido o crime foram presos ainda na terça-feira. Segundo a PM, os policiais foram acionados depois que receberam a informação de que existiam feridos e que houve disparos de arma de fogo na região.
“Policiais militares do Pelotão de Emprego Tático Operacional (Peto) da 65ª CIPM encontraram um dos acusados dos crimes e encaminharam para a delegacia de Sobradinho”, disse a PM, em nota. Além disso, logo após o crime, duas motos que seriam da dupla foram queimadas por vizinhos.
O segundo suspeito foi preso quando compareceu à delegacia para registrar queixa sobre a moto danificada. A PM não divulgou o nome dos presos. correio24horas