Quase um ano após o astronauta norte-americano Scott Kelly retornar a Terra, ele e seu irmão gêmeo idêntico, Mark Kelly, não são mais iguais. É o que mostram os resultados de vários estudos feitos pela Nasa com a dupla para testar os efeitos de estadias prolongadas no Espaço.
Scott e o russo Mikhail Kornienko fizeram a mais longa expedição de astronautas na Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês) ao ficarem 340 dias no Espaço. Os dois retornaram a Terra no dia 2 de março de 2016. Uma das primeiras diferenças entre os dois foi notada logo no dia seguinte: Scott tinha cinco centímetros a mais que Mark após a missão no espaço.
Programa para a Investigação Humana As análises, que foram apresentadas no Texas e publicadas pela revista especializada "Nature", foram lideradas pelo geneticista Christopher Mason, da Cornell University de Nova York, e fazem parte do Programa para a Investigação Humana da Nasa. "Os dados são tão frescos que alguns deles acabaram de sair das máquinas para o sequenciamento", disse Mason.
Agora, o desafio é compreender quais foram as mudanças causadas pela ausência de gravidade e quais as variações naturais do corpo. Os primeiros dados mostram que as mudanças nos genes de Scott são similares ao que ocorre na Terra quando uma pessoa está sob situação de estresse, como quando se modifica uma dieta ou o sono.
Alteração da célula relógio Mas, as variações do ex-astronauta são mais amplificadas, o que poderia resultar do consumo de alimentos especiais e dormir com a falta de gravidade. Uma das mudanças que mais chamou a atenção até agora foi a alteração no tamanho dos telômeros, estruturas que ficam no fim dos cromossomos. Após a viagem, Scott mostrou ter telômeros maiores que de Mark, que também é ex-astronauta, em um sinal de pouco envelhecimento.
As estruturas protegem os cromossomos humanos da deterioração e vão encurtando com o passar dos anos. Entre os motivos para acontecer esse fenômeno, está a possibilidade do corpo do ex-astronauta ter feito um “exercício” de reduzir a ingestão de calorias necessárias durante a missão. No entanto, os especialistas perceberam que eles voltaram a ficar menores durante o tempo que ele está na Terra.


