PF diz que parte da propina a Jaques Wagner foi paga através de doações para campanha de Rui
As investigações realizadas até agora apontam que o Grupo Petrópolis, dono da cervejaria Itaipava, fez doações declaradas de R$ 3,5 milhões, a pedido da Odebrecht, para o então candidato petista. A polícia investiga, no âmbito da operação, se mais recursos foram usados para irrigar campanhas na sucessão de 2014.
Wagner nega recebimento de propina e doações ilegais na campanha. A soma integra os R$ 82 milhões que, segundo a PF, foram pagos pela Odebrecht e OAS a Wagner, por meio de superfaturamento do contrato firmado com as empresas para as obras da Fonte Nova.
O Grupo Petrópolis é parceiro da Fonte Nova Participações (FNP), consórcio que administra o estádio e, além de ter exclusividade na venda de bebidas, ganhou direito a utilizar a marca Itaipava no nome da arena construída para a Copa de 2014.
Rui, contudo, não é investigado pela operação. Segundo a PF, os acordos para pagamento de propina teriam sido conduzidos por Wagner. As investigações começaram em 2013 e ouviram pessoas ligadas ao ex-governador e que participaram da gestão dele, de acordo com o superintendente regional da Polícia Federal na Bahia, o delegado Daniel Justo Madruga.
Entre as pessoas já interrogadas pela Cartão Vermelho, estão ex-secretários. “Estas pessoas foram ouvidas ao longo das investigações. Foi afunilando até chegar ao ex-governador”, explicou Madruga.
A operação chegou à campanha de 2014 após delação do executivo Marcelo Odebrecht. Ele teria afirmado que somente doaria para a campanha de Rui em 2014 caso pendências da Fonte Nova e da Companhia de Engenharia e Recursos Hídricos da Bahia (Cerb) fossem resolvidas.
Com a Cerb, havia um dívida milionária com pagamento determinado pela Justiça. O acordo, segundo a PF, envolveu o pagamento do débito e um aditivo de R$ 90 milhões sobre as obras da Fonte Nova. Em seguida, as doações foram feitas para a campanha de 2014.
De acordo com a PF, as intervenções na Fonte Nova geraram superfaturamento que, em valores corrigidos, chega a R$ 450 milhões. A Odebrecht informou, por nota, que está colaborando com a Justiça no Brasil e nos países em que atua. Diz ainda que “já reconheceu seus erros, pediu desculpas públicas, assinou acordos de leniência e está comprometida a combater e não tolerar a corrupção em todas as suas formas”.
Também são alvo da operação o secretário estadual da Casa Civil, Bruno Dauster, e o empresário Carlos Daltro. Os três estão indiciados pela PF. Foram apreendidos documentos, celulares, notebooks e 15 relógios de Wagner.
Ontem, a bancada de oposição na Assembleia começou a articular apoio à uma CPI para apurar as irregularidades na Fonte Nova. Novo líder do grupo, o deputado Luciano Ribeiro (DEM) começou a colher assinaturas. São necessárias 21.Correio
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