Além dos sete
presos, uma pessoa que resistiu à prisão foi morta. Segundo a polícia,
criminosos chegavam a pagar diárias para ambulantes venderem os produtos
roubados pela quadrilha.

Alan e Danieli foram flagrados em escutas telefônicas negociando a venda de mercadorias roubadas (Foto: Henrique Coelho/G1)

Sete pessoas foram presas e uma pessoa morta na manhã
desta quarta-feira (4) durante uma operação de combate ao roubo de cargas no
Rio de Janeiro. Realizada pela Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas (DRFC) da
Polícia Civil em conjunto com o Ministério Público do Estado , a ação teve como
objetivo cumprir 12 mandados de prisão contra uma quadrilha que atua na compra
e distribuição de produtos roubados na capital fluminense.
“Esses presos não têm ligação com
nenhuma favela específica. Eles atuam com todas as facções”, explicou o
delegado Delmir Gouvea, titular da Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas.
O delegado enfatizou, no entanto,
que irá responsabilizar em inquérito policial os líderes do tráfico das
comunidades onde o esquema acontece. "Ninguém faz nada sem ordem ou
consentimento dos líderes do tráfico. Serão indiciados também, mesmo os que já
estão presos", afirmou Delmir.
As investigações apontaram que o
material roubado pela quadrilha é comprado em diversas favelas do Rio. O
pagamento pelo serviço é feito à vista ou em consignação e o material é
distribuído em feiras, trens e calçadões.
Durante a operação, uma pessoa, cuja
identidade não foi informada, acabou morta na Vila Aliança por, segundo a
polícia, ter resistido à prisão. Na mesma comunidade os policiais apreenderam
cerca de 200 kg de maconha.
Os investigadores disseram ter ficado impressionados com
o esquema criado pela quadrilha. Alguns integrantes eram responsáveis pelo
roubo de cargas. Outros avisavam uma rede de distribuição sobre quais eram as
mercadorias disponíveis.
Fazem parte dessa rede de
distribuição comerciantes e camelôs de calçadões de vários pontos da cidade. Os
criminosos também contratavam ambulantes e pagavam diárias a eles para venderem
produtos oriundos do crime.
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Carga de aproximadamente 200 kg de maconha foi apreendida durante operação de combate ao roubo de cargas (Foto: Henrique Coelho/G1) |
“Nós conseguimos identificar uma
sofisticada rede de revenda por comércio varejista, em que essa quadrilha chega
a pagar camelôs por sua jornada diária para que eles revendam as mercadorias
roubadas nas imediações das estações ferroviárias”, explicou o promotor
Alexandre Themístocles.
Segundo o MP-RJ, os envolvidos no
esquema também foram denunciados pelo por organização criminosa e financiamento
do tráfico de drogas, já que dividiam os lucros obtidos com os crimes com
traficantes.
Segundo o MP, o esquema de roubo de
carga se beneficiava do domínio territorial que os criminosos exerciam nas
favelas Pica-pau, Dick, Ficap e Furquim Mendes, para fazerem nestes locais o
transbordo das mercadorias roubadas. Eles também chegaram a pagar propina a
agentes públicos para não serem presos em flagrante.
Segundo o delegado Delmir Gouvêa, da
Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas, uma próxima fase da operação será
mapear as principais manchas criminais de roubos de cargas e as rotas de
entradas de caminhão nas comunidades.
"Nós vamos mandar [o
mapeamento] para que a Polícia Militar faça o planejamento de policiamento
ostensivo antes do acesso às favelas", disse.
Escutas revelaram esquema
Dentre os sete
presos na operação está o casal Alan Pinheiro de Oliveira e Danieli Bezerra,
que foi flagrado em escutas telefônicas que ajudaram os investigadores a
compreender detalhes da atuação da quadrilha.G1