Redação
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O alvo é um bando especializado no envio de cocaína em navios comerciais de carga – são 15 mandados de prisão e 21 de busca e apreensão.
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Foto : Divulgação/PF |
Cem agentes da Polícia Federal deflagraram, no fim da madrugada de hoje (9), a Operação Antigoon, que mira o tráfico internacional de drogas.
Segundo o site G1, o alvo é uma quadrilha especializada no envio de cocaína para a Europa através de contêineres transportados em navios comerciais de carga – são 15 mandados de prisão e 21 de busca e apreensão.
Os investigados responderão por tráfico transnacional de drogas e associação para o tráfico, cujas penas podem chegar a 25 anos de reclusão.
As investigações duraram um ano, em trabalho realizado em conjunto com a Receita Federal. No período, foram apreendidas cerca de quatro toneladas de cocaína nos portos do Rio, Vitória (ES), Santos (SP), Salvador (BA) e Suape (PE).
Em ação controlada, os agentes seguiram a carga e retiveram drogas nos portos de Antuérpia, na Bélgica; Gioia Tauro, na Itália; e Valência, na Espanha.
Ao apontar empresários do ramo de importação e exportação como principais líderes da quadrilha, o chefe da Delegacia de Repressão às Drogas da Polícia Federal, Carlos Eduardo Thomé, disse que a droga era “contaminada” em cargas que levantavam pouca suspeita, como produtos destinados à construção, ferro e borracha, principalmente.
“Os principais líderes da quadrilha presa hoje são empresários do ramo de exportação e importação. Essa quadrilha tinha seus braços na Europa, onde mantinha contatos com traficantes europeus e adquiria a droga em países produtores na América do Sul. São profissionais que não atuam no abastecimento do tráfico nas comunidades do Rio de Janeiro. A droga vinha por rodovias, chegava aos portos, principalmente o do Rio, que vinha servindo como corredor de escoamento da droga para os países de destino. Embora a droga também fosse exportada para a África e para a Ásia, o principal alvo deles era mesmo a Europa”, afirmou o delegado.
Thomé informou que caminhões que transportavam contêineres para o porto eram desviados no meio do caminho de sua rota original “para que os lacres fossem violados para que se desse a contaminação dos contêineres”. Depois, a carga era redirecionada para o destino original, o porto.
De acordo com o delegado, o objetivo da Polícia Federal agora é mirar a descapitalização da quadrilha. “Porque somente com a descapitalização deste braço criminoso é que nós poderemos desbaratar esta quadrilha. São empresários que atuam no mercado de importação e exportação, ou que criam empresas de fachada com o objetivo da escoar a droga sem levantar suspeita”, disse.
Ainda segundo o delegado, o destino da droga foi identificado em um trabalho conjunto com a polícia dos países envolvidos, de modo a permitir “a desarticulação do braço da quadrilha no exterior”.
Carlos Eduardo Thomé disse que a intensificação dos trabalhos da Polícia Federal já possibilitou, só nos primeiros meses deste, a apreensão de 32 toneladas de cocaína no Brasil, 15 toneladas das quais que estavam sendo escoadas por via marítima.
O volume é quase a metade das 48 toneladas que foram apreendidas ao longo de todo o ano passado, das quais 17 eram transportadas na modalidade marítima. “Os maiores casos de apreensão de cocaína no país com destino ao exterior vêm acontecendo no modal marítimo, em razão do rigor existente nos aeroportos e da maior capacidade de transporte da droga via modal marítimo a partir da utilização de contêineres”, acrescentou o delegado.
As investigações contaram com o apoio de institutos de cooperação policial internacional para a difusão do conhecimento dos países envolvidos, que também possibilitaram apreensões nos portos de Antuérpia, na Bélgica; Gioia Tauro, na Itália; e Valência, na Espanha.
A cooperação se deu por intermédio dos adidos da Polícia Federal no exterior, bem como dos representantes das polícias estrangeiras que atuam no Brasil. Os investigados responderão, na medida de suas responsabilidades, por tráfico transnacional de drogas e associação para o tráfico. As penas podem chegar a 25 anos de reclusão.
O nome da operação, Antigoon, é uma referência a uma lenda sobre a origem do nome da cidade de Antuérpia, principal destino da droga na Europa. Segundo a lenda, um gigante chamado Antigoon cobrava valores de quem atravessasse o Rio Escalda e cortava uma das mãos daqueles que se recusassem a pagar. Antigoon foi morto por um jovem chamado Brabo, que cortou a mão do próprio gigante e atirou-a ao rio. Daí o nome Antwerpen; do holandês hand (mão) e wearpan (arremessar).
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