A
artista Bibi Ferreira morreu no Rio nesta quarta-feira (13). A atriz, cantora,
apresentadora, diretora e compositora foi um dos maiores fenômenos artísticos
do Brasil e tinha 96 anos. A informação foi confirmada pelo empresário Marcos
Montenegro.
Segundo a filha, Tina Ferreira, Bibi
morreu no início da tarde em seu apartamento no Flamengo, Zona Sul do Rio. A
atriz acordou e pediu um copo d'água. A enfermeira que a acompanhava percebeu
que o batimento cardíaco estava baixo, chamou um médico, mas não houve tempo
para levá-la para o hospital. Tina acredita que a mãe morreu dormindo.
Bibi deve ser cremada, mas ainda não
há informações sobre velório e enterro.
Berço artístico
Abigail Izquierdo
Ferreira nasceu em 1º de julho de 1922. Filha de um dos maiores nomes das artes
cênicas do Brasil, o ator Procópio Ferreira, e da bailarina espanhola Aída
Izquierdo, Bibi – apelido que ganhou ainda na infância – já estava no palco com
apenas 20 dias de vida, no colo da madrinha Abigail Maia, em encenação de
"Manhãs de sol", de Oduvaldo Vianna.
Sempre multimídia, Bibi fez filmes,
apresentou programas de TV, gravou discos e dirigiu shows sem nunca abandonar o
teatro, uma grande paixão. Foi enredo de escola de samba (Viradouro, em 2003) e
teve recentemente a vida e obra contadas em musical escrito por Artur Xexéo e
Luanna Guimarães e dirigido por Tadeu Aguiar.
Piaf
Aos 95 anos, em março
de 2018, foi assistir à peça em teatro no Rio e fez o público se emocionar ao
chorar cantando música de Edith Piaf (1915-1963), francesa que Bibi interpretou
com maestria em musical de enorme sucesso no Brasil e em Portugal.
Sua interpretação foi considerada tão
perfeita e cuidadosa, que mesmo pessoas que conheceram a própria Piaf se
espantaram com o nível de semelhança alcançado por Bibi. Com o espetáculo,
conquistou os principais prêmios do teatro nacional: Molière, Mambembe,
Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA), Governador do Estado e
Pirandello. Apenas alguns dos muitos prêmios que colecionou ao longo das
décadas de carreira.
TV
Na televisão, em 1960, Bibi inaugurou
a TV Excelsior com o programa ao vivo "Brasil 60" (61, 62, 63..., de
acordo com o ano), que levou à TV os maiores nomes do teatro. Na mesma
emissora, também apresentou o programa "Bibi sempre aos domingos". Em
1968, estrelou o musical "Bibi ao vivo" – com direção de Eduardo
Sidney, o programa era transmitido do auditório da Urca.
Musicais
Ainda na década de
1960, Bibi estrelaria outros dois dos musicais mais marcantes de sua carreira.
O primeiro foi "Minha querida dama" (My fair lady), de Frederich
Loewe e Alan Jay Lerner, adaptação de "Pigmaleão", de George Bernard
Shaw, ao lado de Paulo Autran e Jayme Costa.
O outro foi "Alô, Dolly!"
(Hello, Dolly!), versão da obra "The matcmaker", de Thornton Wilder,
com Hilton Prado e Lísia Demoro.
Já na década de 1970, Bibi foi o
principal nome de "O homem de La Mancha", musical de Dale Wasserman
dirigido por Flávio Rangel e com letras adaptadas para o português por Chico
Buarque.
A artista deixaria ainda seu nome
marcado na casa de shows Canecão ao dirigir o espetáculo "Brasileiro,
profissão esperança", de Paulo Pontes e Oduvaldo Vianna Filho, produção
inspirada na obra do compositor Antonio Maria.
No início, um show em escala menor
apresentado em boates e estrelado por Ítalo Rossi e Maria Bethânia, o musical
foi reformulado, ampliado e, agora protagonizado por Paulo Gracindo e Clara
Nunes, se transformou em um dos maiores sucessos da história do Canecão.
Em 1975, Bibi recebeu o Prêmio Molière
pela interpretação da personagem Joana, de "Gota d’água", de Paulo
Pontes e Chico Buarque, montagem que ambientava a tragédia "Medeia",
de Eurípedes, em um morro carioca.
Amália
No início dos anos
2000, ela realizou mais um impressionante trabalho ao interpretar a fadista
Amália Rodrigues no espetáculo "Bibi vive Amália".
Em seguida, Bibi apresentou dois
recitais, "Bibi in concert" e "Bibi in concert pop", nos
quais se apresentou acompanhada por orquestra e coral.G1