A Câmara de Camaçari recebeu, na manhã desta quinta-feira (06/05), especialistas da área de educação e saúde para debater os moldes de uma possível retomada das aulas presenciais no município. O debate garantiu a manifestação e posicionamentos diversos e contrários e trouxe para discussão questões fundamentais e direcionamentos técnicos para fomentar a reflexão sobre a construção de um caminho para o fortalecimento do ensino durante a pandemia.
Entre as palestrantes estava a pneumologista pediátrica, Paula Tannus, que faz parte do Movimento Volta às Aulas, Salvador. Para ela, a retomada das aulas não significará aumento do contágio e da disseminação da Covid-19. “Dentro do ambiente escolar, pesquisas mostram que a transmissão de criança para criança foi de 0,3%; de criança para adulto foi de 1%; e de adulto para criança foi 1,5%”, mostrou. Já podemos afirmar que o vírus não tem grande impacto em crianças, mas elas têm sido as maiores vítimas do que o isolamento social acarreta, como doenças emocionais, suicídios, violência doméstica, dentre outros”, acrescentou.
Apontando questões estruturais, o Dr. Rodrigo Santos, PH.D. em Educação, Política e Gestão, ressaltou que é preciso discutir a aprendizagem e não somente a retomada do ensino presencial. “Precisamos discutir aprendizagem. Não adianta fazer movimentos para retomada, se não efetivarmos o compromisso com a aprendizagem real. A pandemia só deixou mais clara a necessidade de rever a forma como se gere a educação no país e os seus resultados”, opinou.
A presidente do Sindicato dos Professores e Professoras da Rede Pública Municipal de Camaçari (Sispec), Márcia Novaes, reforçou que não se deve discutir a volta às aulas, já que a atividade educacional não foi paralisada no município. “Não deixamos de trabalhar um segundo sequer. Pelo contrário, temos feito esforço diário para não deixar nossos alunos ‘órfãos’ de ensino, diante das dificuldades trazidas pela pandemia. O que precisamos debater é a garantia das condições de trabalho para que professores possam seguir fazendo seu trabalho de maneira qualificada, seja presencialmente ou em modelo virtual ou híbrido”, defendeu.
A secretária municipal de educação, Neurilene Martins, afirmou que é preciso construir os caminhos de mãos dadas. “Aqui vemos exemplo de diversidade, diferença e maturidade necessária para o debate. São muitas nuances, muitas questões, que precisam ser resolvidas para acolher nossos alunos de maneira produtiva e segura. Precisamos reconhecer todo esforço que vem sendo feito para não paralisar o ensino”, explicou. Representando a gestão de saúde do município, o secretário Elias Natan deu uma visão geral da pandemia em Camaçari. “Temos 75% de ocupação de UTI atualmente, que é considerado um percentual administrável. As crianças não são o público majoritário de contaminados, mas também entendemos que a reabertura não pode ser feita de maneira açodada”, pontuou.
A participação do público também foi garantida. Uma delas foi a do professor da rede privada de Camaçari, Kaique Araújo, que defendeu a agilidade da vacinação para garantir a segurança de todos e a retomada das atividades escolares sem prejuízos ao combate efetivo da pandemia. Também a professora e mãe de aluno da rede pública, Rosângela Batista, que ressaltou a necessidade de garantir as condições básicas necessárias para a retomada das aulas e o respeito à educação do município.
Os vereadores também se manifestaram, dentre eles o proponente da audiência e presidente da Câmara, vereador Júnior Borges (DEM). “A nossa ideia com essa audiência era colocar em debate ideias plurais no sentido de auxiliar na tomada de decisões, ouvindo todas as opiniões. Esse é o papel do Legislativo e precisamos ter coragem de fazer essas discussões. Estamos todos aqui em defesa da vida e não há dúvida quanto a isso. Mas também precisamos colocar na mesa essas necessidades da área de educação”, reforçou.
Para o vereador Dentinho do Sindicato (PT), o município não está preparado para a retomada das aulas. “Não temos um transporte público atendendo os protocolos de combate à pandemia, a saúde ainda está em um quadro complicado e precisamos levar tudo isso em conta.”, pontuou. A vereadora Professora Angélica (PP), que também é proprietária de escola, defendeu a vacinação dos profissionais de educação. “Estou sentindo na carne o efeito da pandemia, mas precisamos dos profissionais vacinados”, acrescentou. Já o vereador Tagner (PT) pediu que fosse agilizada a distribuição de equipamentos eletrônicos que ajudem os alunos a acompanharem as aulas.
Participaram ainda o presidente do Sindicato dos Servidores Públicos do Município de Camaçari (Sindisec), o presidente da Associação dos Profissionais de Educação da Rede Pública de Camaçari (ASPEC), Joelmir Santos Lima; a diretora da Escola Villa Global Education, Viviane Brito; o coordenador da Associação dos Professores Licenciados do Brasil (APLB) em Camaçari, Josemiran Marques.
Assista a audiência completa clicando no link: https://bit.ly/3eYgKEq