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"Uma morte de cão para um cachorro."
É com essas palavras que o chefe do grupo militar privado russo Wagner defende um vídeo brutal que supostamente mostra a morte de um de seus mercenários enviados para lutar na Ucrânia - que tinha desertado e mudado de lado em setembro.
A filmagem do assassinato foi postada no fim de semana em um canal do Telegram afiliado ao grupo Wagner, o Gray Zone. A BBC não conseguiu verificar de forma independente a autenticidade do vídeo.
As imagens mostram o que parece ser a execução sumária de Yevgeny Nuzhin, um homem de 55 anos condenado por assassinato na Rússia e recrutado na prisão em agosto para lutar pelos russos na Ucrânia.
Esse grupo de ex-prisioneiros havia sido enviado no mesmo mês de agosto para a região ocupada de Luhansk, no leste ucraniano, onde foram distribuídos em esquadrões de combate.
Nuzhin foi capturado pelos ucranianos em setembro, e deu detalhes de sua rendição em uma entrevista a um jornalista ucraniano.
Ele disse que tinha sido recrutado pessoalmente pelo chefe do grupo mercenário, mas que sua intenção era se entregar assim que chegasse ao palco dos combates.
O mercenário afirmou que fora contratado com a promessa de perdão total de sua pena, um salário e compensação para sua família em caso de morte em combate. A razão dada para o recrutamento foi que "a pátria está em perigo".
Segundo Nuzhin, os esquadrões eram "bucha de canhão" e qualquer ato de desobediência significaria execução sumária.
Em determinado momento, ele foi designado para retirar cadáveres de soldados mortos. Foi durante uma dessas operações que Nuzhin conseguiu escapar e se render.
Mas ele aparece no vídeo postado no Telegram contando que, em 11 de novembro, foi atacado em Kiev (não está claro como ele andava pela capital ucraniana se era prisioneiro), perdeu a consciência e acordou no porão onde estava sendo realizada a filmagem.
Logo depois disso, um homem não identificado aparece no vídeo atacando Nuzhin com uma marreta. Este cai no chão e é espancado até a morte.
'Excelente trabalho'
O chefe do grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, um aliado do presidente russo Vladimir Putin, disse em um comunicado que Nuzhin "traiu seu povo, traiu seus companheiros".
Ele sarcasticamente descreve o vídeo como "excelente trabalho bem dirigido que pode ser assistido de uma só vez".
"Acho que o nome do filme é 'Uma morte de cão para um cachorro'", disse Prigozhin.
Já o Kremlin tentou se distanciar do vídeo. O porta-voz Dmitry Peskov afirmou que o assunto "não é da nossa conta".
Prigozhin é um ex-dono de restaurante e um colaborador próximo de Putin.
Ele montou o grupo Wagner, uma empresa de recrutamento de mercenários, em 2014 — mas só reconheceu publicamente o fato em setembro passado.
O grupo apareceu pela primeira vez em 2014 no leste da Ucrânia, no início do conflito entre forças ucranianas e grupos pró-Rússia russos no Donbas. Desde então, o Wagner esteve envolvido em combates na Síria e em vários países africanos.
Desde a invasão da Ucrânia em fevereiro, vários de seus membros foram acusados de cometer crimes de guerra.
Em setembro, Prigozhin foi visto recrutando condenados para o grupo de mercenários em uma prisão russa.