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Grant Wahl morreu durante jogo entre Argentina e Holanda; ele foi barrado em estádio por camisa com arco-íris e relatou ameaças
Morto aos 49 anos enquanto cobria a partida entre Holanda e Argentina, nesta sexta-feira, pelas quartas de final da Copa do Mundo do Catar, o jornalista americano Grant Wahl ficou conhecido em seu país por contar histórias e bastidores do futebol, um esporte ainda em ascensão nos Estados Unidos. Ele cobria o evento pela CBS Sports e foi barrado em um jogo por estar vestindo uma camisa com as cores do arco-íris. O repórter também chegou a anunciar candidatura à presidência da Fifa, em 2011.
Wahl passou mal na prorrogação da partida. Ele chegou a postar nas suas redes sociais sobre o empate holandês, no final do segundo tempo. "Apenas um incrível gol de bola parada ensaiada pela Holanda", escreveu. O repórter chegou a ser socorrido, recebeu massagem cardíaca, mas não resistiu.
O repórter estava no Catar cobrindo sua oitava Copa do Mundo. Ele também trabalhou na cobertura de Jogos Olímpicos, da Major League Soccer (liga de futebol masculino dos EUA), a National Women's Soccer League (liga de futebol feminino dos EUA) e as seleções americanas.
O jornalista ainda foi consultor editorial de documentários sobre futebol na Paramount+. Quando era redator sênior da revista "Sports Illustrated", em 2011, Wahl anunciou sua candidatura a presidente da Fifa, no momento em que a entidade que comanda o futebol mundial era bombardeada de denúncias de corrupção. Ele acabou desistindo da ideia pois nenhuma federação indicou seu nome.
Após a iniciativa do jornalista, a Fifa mudou as regras eleitorais e aumentou para cinco o número de federações que devem indicar um candidato à presidência da entidade.
Além da cobertura dos grandes eventos, Wahl tinha no currículo dois livros publicados. Um deles é "The Beckham Experiment", de 2009. A obra retrata o impacto da chegada do astro inglês David Beckham ao Los Angeles Galaxy, em 2007.
O americano também publicou "Masters of Modern Soccer: How the World's Best Play the Twenty-First-Century Game" (Mestres do Futebol Moderno: Como os Melhores do Mundo Jogam o Jogo do Século XXI, em tradução livre). Neste livro, Wahl descreve as estratégias dentro e fora do campo de atletas e treinadores de alto nível. Entre os personagens da obra estão os jogadores Christian Pulisic, dos EUA, e Javier Chicharito, do México, além do treinador espanhol Roberto Martínez.
Nascido em Mission, no estado americano do Kansas, Wahl se formou na Universidade de Princeton em 1996. Quando era universitário, ele cobriu o time de futebol masculino Tigers, na altura treinado por Bob Bradley, que viria a comandar o time de futebol masculino dos Estados Unidos uma década depois.
Na partida entre Estados Unidos e País de Gales, pela fase de grupos, o repórter foi impedido de entrar no estádio. Ele vestia uma camisa com um arco-íris na estampa, mas manifestações de apoio às pessoas LGBTQIA+ são proibidas no Catar.
Wahl contou, na ocasião, que chegou a tuitar o que acontecia no momento da abordagem, mas o segurança arrancou o telefone de suas mãos.
— Disse que eu teria de trocar de camisa e que não era permitido. Ele falou: 'Você pode tornar isso fácil. Tire a camisa'. Fui detido por quase meia hora. Vamos gays! — escreveu o jornalista, que não tirou a camisa e depois chegou a ouvir um pedido de desculpas. — No final, explicou que a preocupação era com a minha segurança.
O irmão do jornalista, Eric Wahl, afirmou nesta sexta-feira que seu irmão recebeu ameaças após o episódio com a camisa com um arco-íris. Em vídeo publicado no Twitter, ele afirma que o jornalista não tinha problemas de saúde e acredita que em assassinato.
Wahl relatou, em 5 de dezembro, ter passado mal durante a Copa do Catar. Ele escreveu em seu blog pessoal que precisou ir a uma clínica médica e havia uma suspeita de bronquite.
"O que tinha sido um resfriado nos últimos 10 dias se transformou em algo mais severo na noite do jogo EUA-Holanda, e pude sentir a parte superior do meu peito assumir um novo nível de pressão e desconforto", escreveu.