» » Baianos e turistas sobem Colina Sagrada para pedir proteção a Senhor do Bonfim em 2023

Exatamente uma semana após a Sexta-feira da Gratidão, baianos e turistas voltaram a subir a Colina Sagrada. Desta vez, porém, a ocasião foi dedicada a pedir. E, diante das centenas de milhares de vidas perdidas por causa da covid-19, o pedido por saúde não poderia deixar de estar entre a maior parte das orações, afinal, “do resto a gente corre atrás”, como bem lembrou a carioca Alessandra Ferreira, 47 anos. “[Vim pedir saúde] Pra mim, pra minha família, pra meu pai, que passou doente, mas tá bem, graças a Deus”, disse ela, pela primeira vez na capital baiana. 



O que era uma novidade para Alessandra já era tradição para a soteropolitana Ingrid Magalhães. A herança veio de sua mãe, Dona Diva, 80. “[O que me trouxe até aqui foi] A fé no Senhor do Bonfim, que é grande, e passa sempre de mãe para filha. Espero que passe para as minhas [filhas], também”, contou a advogada, que reunia as diferentes gerações lado a lado, para assistir à missa celebrada às 11h. “Saúde, paz e muita união. É o que o mundo tá precisando”, resumiu seus desejos para o ano que começa. 

Turista de São Paulo, o professor Lucas Silva, 22, já conhecia Salvador, graças a sua avó, que é baiana. Foi com ela, também, que o jovem aprendeu o ato de amarrar a fitinha do Senhor do Bonfim e lhe fazer três desejos. E, claro, ele não perdeu a nova oportunidade que teve justamente na Sexta-feira da Proteção. “A gente amarra também no corpo e espera estourar. Quando estoura, geralmente, se realizam os desejos”, compartilhou sua crença. 

Paulista, Lucas Silva aprendeu o ato de amarrar fitinhas com sua avó, que é baiana (Foto: Marina Silva/CORREIO)

Uma estrutura com palco, toldos e cadeiras foi montada no largo em frente à Basílica Santuário Senhor do Bonfim, para receber as cerca de 100 mil visitas ao local esperadas. Ao todo, serão 12 as missas realizadas durante esta sexta (6): a primeira, logo às 5h, e a última, às 17h, com um único intervalo, às 13h. 

As celebrações, tanto da Sexta-feira da Gratidão como da Sexta-feira da Proteção, foram colocadas em evidência há, aproximadamente, dez anos, quando o reitor da basílica, cônego Edson Menezes, sentiu a necessidade de valorizar esse ato de fé e religiosidade. “A última e a primeira [sextas] de cada ano 'explodem' de gente, então, eu procurei dar um nome relacionado ao sentimento das pessoas”, explicou Menezes. 

“À última sexta-feira do ano dei o nome de Sexta-feira da Gratidão, porque percebi que as pessoas sobem a ladeira da colina para agradecer; à primeira sexta-feira, [o nome de] Sexta-feira da Proteção”, acrescentou o cônego, que acredita que “teremos um ano diferente, abençoado e cheio da graça de Deus”. 

O costumeiro alvoroço entre os devotos causado pela imagem do padroeiro não oficial da cidade — o oficial é São Francisco Xavier — não é à toa: além de proteção, é nele que muitos buscam amparo diante das batalhas enfrentadas no ano passado e que ainda persistem no presente. “Eu vim buscar forças, porque tem quatro meses que eu perdi minha irmã caçula, acometida pela esclerose lateral amiotrófica (ELA)”, falou, emocionada, a aposentada Isaumira Costa, 75.

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