Segundo Mourão, a promoção do filho foi
por "mérito" e não ocorreu antes porque em gestões anteriores Rossell
Mourão teria sido "duramente perseguido".
Ele é funcionário de
carreira do Banco do Brasil, com 19 anos de experiência na instituição, e
estava havia 11 anos na Diretoria de Agronegócios. Com a posse da nova gestão,
na segunda-feira, 7, foi promovido e vai trabalhar em contato direto com o
presidente da instituição, Rubem Novaes.
Apesar do tempo de casa, o salto na carreira foi visto com
estranheza por pessoas de dentro do banco. Segundo funcionários, o cargo exige
nível alto de conhecimento na instituição. Outros dois servidores que exerceram
a mesma função na gestão anterior - de Paulo Caffarelli - ocuparam postos de
destaque antes de chegar ao cargo de assessor especial da presidência. Marília
Prado de Lima, por exemplo, foi superintendente de Varejo e Governo do BB no
Distrito Federal. Sidney Passeri, antes de assumir a função, foi gerente
executivo do banco.
O filho do vice-presidente é formado em Administração de
Empresas e possui pós-graduações em Agronegócios e em Desenvolvimento
Sustentável.
Defesa - Após a repercussão negativa da
nomeação, Mourão saiu em defesa do filho. "(Meu filho) Possui mérito e foi
duramente perseguido anteriormente por ser meu filho", afirmou o
vice-presidente. No Twitter, disse que Rossell Mourão é de "absoluta
confiança do presidente do banco". "Meu filho, Antônio, ingressou por
concurso no BB há 19 anos. Com excelentes serviços, conduta irrepreensível e
por absoluta confiança pessoal do presidente do Banco foi escolhido por ele
para sua assessoria. Em governos anteriores, honestidade e competência não eram
valorizados", escreveu Mourão.
O vice procurou Bolsonaro para explicar que não interferiu na promoção. Segundo
relataram auxiliares do governo, Mourão disse não ter sido informado com
antecedência da nomeação e Bolsonaro evitou fazer comentários. O clima entre
assessores do presidente e ministros que despacham no Palácio do Planalto era
de "constrangimento", conforme auxiliares.
A promoção do filho do
vice-presidente da República alimentou nesta terça-feira, 8, a disputa velada
no Planalto entre os grupos dos militares e civis do entorno do presidente. No
palácio, assessores receberam informações de servidores do BB que ajudaram na
transição de que, pela intranet, funcionários manifestaram repúdio à promoção.
Nas mensagens, os funcionários observaram que havia expectativa de mudanças por
parte do governo Bolsonaro dos métodos adotados pelo MDB e pelo PT de nomeações
no banco.
O novo presidente do BB
defendeu a nomeação. Em nota, Novaes disse que Rossell Mourão possui
"excelente formação e capacidade técnica". "Antônio é de minha
absoluta confiança e foi escolhido para minha assessoria, e nela continuará, em
função de sua competência. O que é de se estranhar é que não tenha, no passado,
alcançado postos mais destacados no banco", declarou Novaes.
Em nota, o Banco do Brasil informou que o cargo é de "livre provimento da
presidência do BB e a nomeação atende aos critérios previstos em normas
internas e no estatuto do banco".
O novo posto equivale a uma
cadeira de um executivo, com salário de cerca de R$ 36 mil. Na prática, o
salário de Rossell Mourão triplicou. A renda do posto anterior varia de R$ 12
mil a R$ 14 mil, dependendo da carga horária de seis ou oito horas. O novo
vencimento do filho do vice-presidente será maior que o salário do pai, que
recebe o mesmo valor do presidente da República - R$ 30,9 mil. As informações
são do jornal O Estado de S. Paulo.