» » Ex-coordenador de esportes da TV Bahia desabafa sobre demissão e acusa emissora de racismo

A TV Bahia, por sua vez, negou o caso e afirma que o desligamento de Hildazio Santana se deu através de uma decisão gerencial.

Foto: Reprodução/Instagram

O jornalista Hildazio Santana foi afastado das suas funções na TV Bahia, após ser acusado de furtar uma cafeteira pelo diretor de jornalismo da emissora, Eurico Meira. Hildázio atuava como coordenador de esportes da emissora afiliada da Rede Globo, há cerca de 20 anos, e fez um desabafo nas suas redes sociais sobre o caso. Na publicação, o jornalista relata que foi chamado em uma sala pelo diretor de jornalismo, a quem tinha como um amigo dentro da empresa, e foi coagido a confessar um furto.

"Nunca pensei que em quase 20 anos na Tv Bahia, eu iria viver um ato tão cruel por uma pessoa que estava alí para me apoiar. Uma pessoa que deveria ser exemplo no orientar, falar e no cuidar", escreveu o jornalista. 

Ainda na publicação, Hildázio revela que "o diretor Eurico Meira me colocou dentro de uma sala, tentou me desligar por justa causa, me coagiu, me julgou e no final me puniu com um desligamento da empresa. Me acusou da “SUBTRAÇÃO” de um equipamento de café", completou o jornalista.

O jornalista também associa o comportamento de Eurico Meira como uma prática racista. "[...], o “chicote” vira e mexe volta para tentar mostrar para nós, negros, onde é nosso lugar. No dia 20 de outubro eu senti isso. Uma dor que até hoje está presente. E tenha certeza, não vai se apagar nunca da minha memória. Tudo isso faltando apenas um mês para o Dia da Consciência Negra", declarou. 

Em contrapartida das acusações, a TV Bahia negou o caso e afirmou que o desligamento do jornalista se deu em razão de "uma decisão gerencial, natural no dia a dia de qualquer empresa privada".

Leia nota na íntegra:

"Em virtude da circulação de notícias e comentários recentes, a respeito do desligamento de um dos nossos colaboradores e dos fatos que supostamente o motivaram, vimos a público esclarecer se tratar de uma decisão gerencial, natural no dia a dia de qualquer empresa privada, decisão essa embasada em questões profissionais, sem qualquer viés persecutório e/ou discriminatório. A Rede Bahia sempre trata seus colaboradores com respeito, igualdade e seriedade. Eventuais discussões e desdobramentos do assunto serão tratados com empenho, seriedade e clareza nas esferas e instâncias competentes", finalizou.

Sinjorba

O Sinidicato dos Jornalistas da Bahia (Sinjorba) também se posicionou e declarou que a palavra furto não se aplica ao caso de Hildazio. "Se o equipamento continuou nas dependências da empresa e foi usado de maneira pública (situação evidenciada pelas câmeras de segurança), a palavra furto não se aplica. Talvez, por regulamento interno, usar a máquina de café da Diretoria seja proibido. Hildazio teria cometido, então, uma falha de ordem trabalhista. E só. Funcionário da emissora por 20 anos, com sete promoções (como o próprio relatou), é forçar a barra insinuar qualquer coisa além disso. Talvez fosse o caso de a Rede Bahia mostrar o regulamento e suas penalidades", escreveu.

Na ocasião, a entidade também demonstra solidaridade ao jornalista. "Ao tempo em que se solidariza com Hildazio, o Sinjorba, à luz do relato, questiona a empresa se tal ocorrido justifica uma demissão, se justifica uma insinuação de tentativa de furto e se a suspeita de ter cometido racismo é a imagem que a Rede quer passar à sociedade baiana."

Coletivo de Entidades Negras 

O Coletivo de Entidades Negras (CEN), que é um dos parceiros da emissoras através da promoção de pautas antirracistas e fomento da visibilidade do povo negro, também se posicionou sobre a situação, através das redes sociais, e compartilhou uma nota de repúdio.

"Nós do CEN, imbuídos da legitimidade de movimento social de luta por direitos, reiteramos nosso repúdio ao senhor Eurico Meira da Costa e nos colocamos à disposição do funcionário Hildazio Santana para ações que se tornarem necessárias. Informamos ainda que não temos interesse em estabelecer qualquer relação institucional com uma empresa que não aplica medidas efetivas, concretas, duras e de alteração estrutural diante de um caso de racismo tão brutal, como o relatado", afirmou. Fonte:Tribuna da Bahia




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