A mulher negra que teve o pescoço pisado por um policial durante uma abordagem em 2020 se disse indignada pela decisão que absolveu o agente. O policial João Paulo Servato foi inocentado na última terça-feira (23) pelo conselho formado por um juiz civil e quatro oficiais da PM.
O outro PM que participou da abordagem também foi inocentado. O caso aconteceu em maio de 2020, em Parelheiros, no extremo sul da capital paulista. Em entrevista ao portal G1, a mulher, que preferiu não se identificar, afirmou que se sentiu injustiçada com a decisão.
"Ser injustiçada assim é muito triste. Fiquei muito indignada. Fui trabalhar sem chão. Cada dia que passa, a gente fica cada vez mais envergonhada de ser brasileira, afirmou a vítima.
João Paulo Servato já tinha sido denunciado pelo Ministério Público por quatro crimes: lesão corporal, abuso de autoridade, falsidade ideológica e inobservância de regulamento. O cabo Ricardo de Morais Lopes, parceiro do soldado Servato no dia da ocorrência, também tinha contra ele denúncias de falsidade ideológica e inobservância de regulamento.
"Eu acho que ele [policial] precisa de um tratamento. Não merece usar farda da Polícia Militar. Têm policiais bons que honram a farda. Mas, infelizmente, há os que não honram", ressaltou a vítima.
A vítima contou ainda que, desde a ocorrência, deixou de trabalhar no seu bar e só conseguiu um novo emprego como cozinheira há dois meses. Como precisou passar por uma cirurgia por ter quebrado a perna durante a abordagem, ela conta que desde sofre também com dores na perna e no calcanhar.
"Fiquei dois anos sem trabalhar e sem vida. Só fazendo o básico, como ir no mercado, açougue e casa. Minha mente ficou perturbada, meu psicológico ficou abalado. Minha família sentiu bem isso. O pessoal ficou com medo de represália e até meu filho até perdeu emprego na época. A minha mente nunca mais foi a mesma e a pior dor é a psicológica", afirma.
Felipe Morandini, advogado da vítima, informou que vai recorrer. Já o advogado dos policiais, João Carlos Campanini, defendeu que seus clientes não cometeram crime.Fonte:Por: Metro1