» » » » » "Juca Matador": policial envolvido em mortes e que tinha ligação com "Ravengar" volta à Polícia Civil da Bahia após ter sido demitido; conheça história

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Gilberto Xavier Clementino. Talvez esse nome seja indiferente para você que está lendo essa matéria. O apelido dele, porém, vai chamar a atenção: "Juca Matador" - por conta da quantidade de homicídios que lhe são imputados e serão detalhados nas próximas linhas da reportagem -.

Investigador da Polícia Civil da Bahia, hoje com 67 anos, ele estava afastado da corporação, mas, na última quinta-feira (11/8), foi reintegrado aos quadros, ainda que já esteja aposentado. A novidade foi publicada no Diário Oficial. 

De acordo com o texto, a reintegração aconteceu por conta de uma decisão judicial, em caráter liminar. "Juca Matador" - que, apesar de se chamar Gilberto, é assim apelidado pela forma com a qual policiais se chamam, para não se identificarem pelo nome - foi demitido da Polícia Civil em setembro de 2021, após apurações da Secretaria da Segurança Pública apontarem que ele executou dois operários durante uma operação policial.

A reportagem do Aratu On apurou que o caso em questão ocorreu em 1998, no Centro Industrial de Aratu. Gilberto e outros colegas, lotados na Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos, foram acionados para atender a uma ocorrência de roubo a banco na região. A guarnição, então, abordou um veículo onde estavam os operários Pedro Augusto Carvalho Bittencourt, João Orlando Barbosa e Carlos Maurício. Mesmo sem nenhuma relação do trio com o roubo, "Juca Matador" atirou à queima roupa e matou Pedro e João. 

Gilberto Xavier foi a julgamento somente em 2010, tendo sido condenado a cumprir pena de 31 anos de reclusão pelas mortes dos operários. Na oportunidade, a Ordem dos Advogados do Brasil comemorou.

"Desde que o fato delituoso ocorreu, em 1998, a OAB-BA, representada inicialmente pelo advogado Luiz Henrique de Castro Marques e posteriormente pelo advogado Sérgio Reis, acompanhou o caso bárbaro, participando de todas as audiências e dando apoio às famílias das vítimas", disse, por meio de nota, na época. 

No processo que tratou da demissão, a defesa alegou que o então policial civil tinha problemas mentais e, por isso, teria cometido o duplo homicídio. A Procuradoria da Bahia, porém, não aceitou o argumento. A reportagem do Aratu On teve acesso ao documento e ao pedido realizado pela advogada do policial, Maria Adail Santos.

"À vista dos problemas psíquicos apontados no laudo, restou à Comissão Processante encerrar a instrução e elaborar relatório conclusivo com a recomendação de arquivamento da investigação disciplinar, sugerindo, ainda, a aposentadoria por invalidez permanente do Acionante", escreveu.

Mas o processo continuou correndo e o Governo da Bahia conseguiu demitir Gilberto. "Sem realizar o devido exame das razões jurídicas, no exercício de abuso de poder e ilegalidade, proferiu o ato de demissão do Impetrante a bem do serviço público", completou a defesa.

OS CASOS DE "JUCA MATADOR" 

Gilberto Clementino tem uma longa ficha criminal. Legalmente, além dos processos contra os operários, ele responde a inquéritos por execuções em 1984 - que vitimou Eduardo Santos Silva - e 1992, tendo como vítima Odemário Santos de Alcântara. 

"Juca" também já foi indiciado por fazer parte do braço mais temido da quadrilha de Raimundo Alves, o "Ravengar". Radicado na região conhecida como "Morro do Águia", Ravengar foi, por muitos anos, o líder do tráfico em toda Salvador. Nesse processo, "Juca Matador" é indiciado por associação ao tráfico e corrupção passiva. Mesmo assim, depoimentos dizem que ele matava a mando do criminoso. 


Uma das vítimas seria, inclusive, um policial militar que foi expulso da corporação e tentou ser rival do "dono do Morro do Águia". Um processo que tramitou no Tribunal de Justiça da Bahia, denunciado pelo Ministério Público, porém, classificou Clementino como temido. Ele foi denunciado junto com outros homens e mulheres, incluindo "Ravengar". 

"Gilberto Xavier Clementino, policial civil, conhecido pela alcunha de "Juca matador", contumaz agente das lides penais a quem se imputa inúmeros homicídios, (ver antecedentes criminais de fs. 20 a 29, do volume 03 do P.A. anexo), e que, segundo apontam as apurações, é um dos braços armados do traficante, encarregado de eliminar os desafetos do tráfico no "Morro do Águia", causando temor de todos os que lá residem, inclusive, das testemunhas deste processo, que pediram a intervenção do PROVITA, entidade de proteção às testemunhas", escreveu a denúncia.

Em 2008, o juiz José Reginaldo Nogueira (11ª Vara Crime) absolveu "Juca Matador" da denúncia. Na mesma decisão, porém, policiais militares e parentes de "Ravengar" foram condenados à prisão. 

Em 2012, em uma "canetada" que arquivou 20 processos de agentes, o então delegado-chefe da Polícia Civil da Bahia, Bernardino Filho, eliminou uma denúncia contra Gilberto Clementino, por entender que ele tinha problemas psicológicos. Nessa situação específica, o investigador foi processado por ameaçar prepostos da Companhia de Eletricidade (Coelba) que faziam uma inspeção na casa de "Juca"




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