» » » » » » Mulher trans denuncia PMs por agressão na Bahia; "me pegou pelo cabelo e disse: 'Volta, viado'"

                                            
                                                                 
                                                                       Créditos da foto: 
Ramon Lisboa/TV Aratu


Nesta quinta-feira (3/11), uma mulher chamada Perla Andrade foi até a corregedoria da Polícia Militar denunciar ataques e agressões que diz ter sofrido por agentes da corporação. De acordo com ela, além de agressões físicas, os policiais a atacaram com palavras transfóbicas, dizendo, inclusive, que era para ela falar "o nome de homem" dela.

Além de ter sido agredida, Perla afirma que a PM também agrediu a mãe dela, de 75 anos, que tentou defender a filha durante a ação. A ocorrência aconteceu no dia do segundo turno das Eleições 2022, no último domingo, 30 de outubro, no município de Nazaré, no Recôncavo da Bahia.

Perla e a família estavam comemorando as Eleições na frente de casa quando foram abordados por policias do 14º Batalhão (BPM/Santo Antônio de Jesus). Inicialmente, como relata a vítima, a abordagem foi pacífica e foi solicitado apenas que Perla e os familiares baixassem o volume do som.

Os policiais, ainda de acordo com a vítima, saíram do local, mas voltaram agressivos. Em um vídeo, obtido pela reportagem do Grupo Aratu, dá para ver bate-bocas e agressões. Um homem chamado Thiago dos Santos e uma criança, de apenas quatro anos, sobrinhos de Perlla, também foram agredidos.

"Meu sobrinho disse: 'Hoje é dia de eleição, ninguém pode ir preso'. E foi o motivo de ele querer agredir o meu sobrinho. Eu entrei na frente e ele [um PM] começou a filmar. Meu sobrinho disse: 'Isso é uma palhaçada, estar filmando pai e mãe de família'. Minha mãe de 75 anos viu, encontrei ela com o meu sobrinho, ele [um PM] 'engarguelando' e batendo, deu um soco nela, ela caiu debaixo da viatura".

Perlla filmou toda a ação. Quando um agente notou que ela estava com o celular, ela conta que ele tirou o aparelho da mão dela, jogou no chão e pisou. "Me pegou pelo cabelo e disse: 'Volta, 'viado''. Arrancou o meu mega [mega hair], que nem eu sei onde foi voar o meu mega até hoje". A irmã de Perlla, Jorgiane dos Santos, e o filho dela, Thiago, foram levados para a delegacia.

Os policiais do 14º BPM negam as acusações. Por nota, a corporação disse que, durante rondas preventivas, os agentes encontraram um veículo "com som alto e uma grande quantidade de pessoas bloqueando a via, perturbando o andamento do pleito eleitoral, no bairro Alto do Cruzeiro, município de Nazaré, no final da tarde de domingo".

Segundo a polícia, neste momento, "dois homens" desacataram os agentes públicos e receberam voz de prisão - porém, não fica claro quais homens seriam esses -. "Não foram dois homens, fomos eu e meu filho. Quando tentaram pegar o meu filho, eu me joguei dentro da viatura", conta Jorgiane, que afirma que ela foi agredida novamente dentro da delegacia. "Puxaram meu cabelo e disseram que meu filho era meu macho, por isso que eu estava defendendo".

Em nota, a PM diz: "Momento em que populares iniciaram uma tentativa de retirar os detidos em posse da equipe, que utilizou a força de maneira progressiva e controlada de forma a se desvencilhar da multidão e conduzir os suspeitos. Os dois homens foram detidos e conduzidos à delegacia do município, onde a ocorrência foi registrada".

Sobre as denúncias de Perlla, a corporação informou que disponibiliza os canais de comunicação institucionais para recepcionar os relatos, "a exemplo do 0800 284 0011 (Ouvidoria) e o endereço da Corregedoria geral da corporação, localizada na Rua Amazonas, nº 13, Pituba". O sigilo da fonte, de acordo com a PM, é garantido.

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