» » Ciganos presos por porte ilegal de arma pagaram R$ 45,2 mil para serem liberados


  Eles foram soltos na terça-feira e vão responder ao processo em liberdade
Os cinco ciganos presos com 12 armas, algumas de uso exclusivo das Forças Armadas, cartuchos, munições e R$ 16 mil em dinheiro pagaram R$ 45,2 mil de fiança para responder ao processo em liberdade. A polícia investiga se o grupo pode ter relação com a morte dos irmãos gêmeos Cézar Sílvio e Sílvio Cézar Carvalho Santos, 45 anos, assassinados a tiros na Baixa do Tubo, em Cosme de Farias, na última quarta-feira (17).

Delegados durante a apresentação do material apreendido com os ciganos, na sexta-feira
(Foto: Almiro Lopes/ CORREIO)
Segundo o Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), o alvará de soltura foi expedido pelo juiz Francisco Manoel da Costa Nascimento da 1ª Vara Criminal de Simões Filho, na Região Metropolitana de Salvador, na segunda-feira. O CORREIO teve acesso a decisão. No documento, o magistrado informa que a decisão de soltura foi tomada com base no histórico e nas condições dos réus.
"Verifica-se que o crime não foi cometido com violência ou grave ameaça à pessoa, o réu não tem antecedentes criminais e tem residência determinada, portanto, nada aponta para a existência de motivos para a decretação de sua prisão preventiva, impondo-se a concessão da liberdade provisória, cumprindo o disposto no parágrafo único do art. 310 do CPP", diz a sentença. 
Os ciganos Jairo Cerqueira, 35 anos, Lenival dos Santos Gama, 62, Genivaldo dos Santos Gama, 42, e Iran dos Santos Gama, 29, pagaram R$ 8,8 mil de fiança - o que equivale a dez salários mínimos - cada um. Eles não podem se ausentar da Comarca onde moram por mais de oito dias sem prévia autorização e precisarão avisar, com antecedência, se forem mudar de endereço.
O cigano Djalma Alves Lemos, 56, foi preso com uma arma exclusiva de uso das Forças Armadas e pagou R$ 10 mil pela soltura. "Entretanto, considerando ter sido apreendida em poder do flagranteado expressiva quantidade de armas e munições, e a presença de arma de uso restrito, entendo necessária a fixação de fiança no valor de R$ 10.000,00", diz o juiz na decisão.
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Gêmeos foram mortos em Cosme de Farias por dois homens em uma motocicleta
(Foto: Reprodução/ CORREIO)
O advogado dos ciganos, Abdon Abbade, informou que os clientes foram soltos na tarde desta segunda-feira (22). "O juiz considerou que eles (ciganos) não cometeram crime hediondo e possuem residência fixa no distrito em que respondem pelo crime", afirmou.
Os cinco investigados foram presos na sexta-feira (19), dois dias depois do assassinato dos irmãos gêmeos, durante uma operação em Simões Filho. Cerca de 100 policiais civis cumpriram seis mandados de busca e apreensão no centro e em um bairro da cidade. 
Prisões e armamentosO cigano Djalma Alves Lemos, 56 anos, e o sobrinho Jairo Cerqueira, 35, foram presos em casa, no bairro Parque Continental. Com Djalma, os policiais encontraram duas pistolas ponto 40 e 380, carregadores e munições.
Ele estava também com uma pistola Glock 45, armamento de uso exclusivo das Forças Armadas e não fabricado no Brasil. Já Jairo estava com uma pistola bereta 635 e outra modelo 51, um revólver calibre 38, uma escopeta calibre 12, cartuchos e munição. No ano passado, ele foi preso também por porte ilegal de arma. 
No centro da cidade foram presos Lenival, 62, e os filhos Genivaldo, 42, e Iran dos Santos Gama, 29. Com Lenival foi apreendido um rifle calibre 38. Genivaldo estava com outro rifle 38, uma pistola 380, quatro facões e R$ 16 mil. O irmão, Iran, estava com uma pistola 380, carregadores e munição. 
O terceiro filho de Lenival, Genildo dos Santos Gama, não foi localizado. Na casa dele, os investigadores encontraram uma pistola Glock 926 – de uso exclusivo das Forças Armadas – e munição. Segundo a polícia, parte das armas estava escondida no sótão de uma das casas, em um compartimento no teto do imóvel. Outras estavam mais à vista e prontas para serem usadas de imediato. Com exceção de Jairo, os ciganos não tinham passagem pela polícia.
Família das vítimas está com medoOs cinco ciganos soltos vão responder ao processo em liberdade. A notícia deixou a família dos irmãos gêmeos apreensiva. Segundo um dos familiares, o medo é de que haja algum tipo de represália. "Logo que eles foram presos houve ameaças. Ontem, eles fizeram festa para comemorar a soltura. Estamos com medo. Não temos proteção e não sinto segurança por parte da polícia", afirmou. 
A assessoria da Polícia Civil informou na tarde desta terça-feira (23) que está analisando o material apreendido durante a investigação, como celulares e computadores. O material está passando por perícia no Departamento de Polícia Técnica (DPT) para checar se existe algum tipo de ligação entre os casos.
Na segunda-feira, as casas onde os familiares dos irmãos gêmeos moraram estavam sendo rondadas por carros suspeitos. Com medo, eles deixaram os imóveis. A família estuda entrar para o Programa Estadual de Proteção a Vítimas e Testemunhas (Provita) da Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social (SJDHDS).

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